Carta ao Tempo

 Por duas semanas tenho te implorado para passar rapido, mas as suas lições que eu nunca aprendo tendem a se repetir quando você não me acha preparado o suficiente.

Tento não questionr a razão de tudo isso, tento não te pedir sinais de que tudo isso é só mais uma fase ruim, mas já fazem 5 anos desde a minha primeira queda na escuridão e eu estou sempre dando meu maximo para que essa onda que passa por cima de mim não me afogue. Se a proxima onda me derrubar e eu não conseguir mais voltar para respirar? 

Você sempre me diz que cura tudo, mas e as dores de quando a unica coisa que eu te pedi era que a culpa que ele deixou sobre meu corpo fosse embora? As vezes parece que ela nunca mais vai embora.

 Uma das coisas que voce nunca curou foi a dor de sempre ter que ir embora. Isso ainda me assombra como se todas as historias que deixei para trás fossem fantasmas que só aparecem quando o silencio das noites é maior do que a agitação dentro de mim, e é como se todas as culpas, medos e inseguranças estivessem colocando fogo em todo meu quarto, e mesmo que as chamas não queimem meu corpo, elas torturam a minha alma, todas as noites eu morro gritando pelos meus pecados, toda manhã eu preciso ressurgir das cinzas, como uma fenix e rodar o mundo com a alma dilacerada, todo tempo isso me leva ao inferno 

Eu estou de frente ao precipicio, eu poderia me deixar levar pelo que toda a dor me diz mas eu decido tentar, todos os dias. A esperança me mantem vivo enquanto eu me assisto desfalecer aos poucos, eu não quero partir da unica coisa que eu mantive vivo todo esse tempo. Então tempo, me prometa que por minima que seja a chance de viver um dia que seja longe de toda essa agonia, que eu verei o alvorecer depois de toda essa tempestade.